Area. Junho. Vestido longo azul royal. Cabelo com aplique... ela entrou no salão com Celine Dion de fundo.
Ela dançou valsa, nós curtimos a festa, dançamos Charlie Brown Jr.
Quando se tem 15 anos, sua amiga comemora os 15 anos dela, vc fica feliz como se a festa fosse sua.
22 anos depois desse dia, estou eu sentada, no chão da cozinha pedindo: Respira! Estou com vc!
22 anos depois eu sentia o mesmo que ela, mas não era alegria, era medo.
A covid tem fechado seu cerco. Temos convivido com ela mais próxima. Hoje temos pessoas próximas contaminadas e dessa vez foi a mãe da Ana e a própria Ana, a menina de azul, a da valsa.
Vivi com a Ana as aventuras de pré, primeiros amores e a confidência dos primeiros beijos. Lembro dela, braços dobrados em frente ao peito e fazendo passos de dança quando passava carro de som alto na rua, de sábado e ela estava animada.
Lembro das festas. Ela é sempre cia. no Natal. Meu telefone toca ou o dela quando está difícil e desde ontem, tem tocado a cada novidade.
Hoje, tia Flora, mãe dela, olhos claros, cabelos loiros, que nos acolhia em.cafés da tarde na casa dela, seguiu, depois de muita negociação, rumo a Araçatuba para encontrar seu mar de tranquilidade pra se recuperar da covid.
Doeu eu mim com a mesma intensidade que meu coração vibrou com o dela em cada aventura que dava certo, como quando ela passou no vestibular, como quando ela começou a namorar, quando casou e eu estava lá. Como vibrou na festa de 15 anos dela, mas hoje doeu.
Registro aqui, minha esperança, isso vai passar.