quinta-feira, 27 de novembro de 2014

7º dia: Questionamentos saltitantes...


Carlos conversou comigo pela internet, como temos feito sempre.
Mas algo estava diferente.
Hoje é Ação de Graças nos EUA e ele foi a um almoço tradicional com o orientador e outras pessoas do Campus. 
Mas não estava muito feliz!
Estava preocupado, tenso, cansado do inglês e angustiado.
Sabe aquele momento da vida em que você percebe suas escolhas e pensa: será que estou fazendo certo?
Na verdade o questionar-se, na vida, é fundamental. Pelo menos pra mim.
E lá estava ele, como se fizesse um check list virtual e quisesse meu ok em cada item:
Fiz certo de vir né!?
Fiz certo de optar por isso, né?!
Isso me trará bons trabalhos, né!?
Isso fará um bem ao meu futuro, né?!
Na verdade não vejo um futuro. Vejo um bem danado pro presente.
Fazer as malas, enfrentar o desconhecido, a solidão, a si mesmo.
Enfrentar a distância das pessoas queridas, do tempero de costume, dos lugares familiares.
Sair da cidade natal. 
Língua nova, casa nova, cidade nova, pessoas novas, college novo... tudo novo pra ser explorado.
O que isso tem de bem ao futuro?
Que fique guardado no futuro até virar presente e ele desembrulhar.
Agora... no presente, já tem um monte de coisa legal.
Experiências novas, que vão do simples escolher o que comer até o escolher como viver esse período.
Isso pra mim é fundamental.
Deixei um namorado no aeroporto. E acredito buscar outro, diferente em mil coisas, mas com a mesma essência no retorno.
A mim... Só restou reafirmar que do futuro pouco sei, mas que estava feliz e tranquila com o presente.
Mas ao mesmo tempo estou muito cansada.
Resultado das conversas que buscam vencer o fuso horário mas que dificultam o acordar as 6:20 da manhã, o trabalho a tarde e a rotina das aulas na faculdade a noite.
Tinha pouca energia para dizer qualquer coisa.
Tentei.
Mostrei fotos da confraternização que fui e que parou. Sim! 18 pessoas, entre suculentas picanhas pararam quando passou a reportagem da Ação de Graças Americana e sorriram, dizendo: Será que o Carlos vai aparecer, Dani?!
Eu na confraternização! 
Meu coração doeu.
Pela primeira vez, pesa mais a saudade que a leveza de vê-lo realizando um sonho. 
Mas esse peso é pequeno. Bem pequeno. Não é maior que o desejo de acompanhar o Carlos nessa aventura. 
É. Ele estava na Ação de Graças.
E eu estava cheia de Graça no amigo secreto do trabalho.
Posso ser feliz, porque embora hoje haja dúvidas.
Ele também está agarrando a possibilidade de viver a maior e mais diferente aventura da vida dele.
Mesmo vendo-o triste. Estou em paz. Afinal está tudo bem. Tudo muito bem.

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