
A ideia de pegar o carro e sair viajando, nunca fez parte dos meus sonhos. E ela aconteceu nesta viagem, porque o Carlos decidiu, principalmente por fatores econômicos (sim! é mais barato viajar de carro do que voar de lugar em lugar).
E lá fomos nós.
A viagem de carro proporciona surpresas, vistas, emoções, sensações que a viagem em um só lugar, ou mesmo a viagem programada por uma companhia de viagens ou aviação não permite.
Nos perdemos, encontramos lugares que não seriam encontrados se não fosse estarmos perdidos...
A viagem de carro permite longas conversas, cantar muitas músicas, ou mesmo torcer para que aquela música que se torna trilha sonora do país, lugar ou viagem toque de novo.
Permite carregar família e amigos nas lembranças, conversas, fotos e vídeos do celular feitos especialmente para determinada pessoa que adoraria ou odiaria estar ali. Ou até já esteve mais com outra luz, outra estação, clima, momento...
A viagem de carro permite conhecer o outro, testar paciência, adquirir novas habilidades...
A viagem nos permite conhecer o outro, o acompanhante da viagem, possibilitar compreender o tempo do outro, mas principalmente entender que o tempo é implacável.
Que o dia é companheiro das paisagens que precisam ser vista.
Que o sol ilumina e nos permite e a noite esconde paisagens, mas traz outras mágicas.
Há que se ter alma e mente aberta.
Mas acredito que o maior aprendizado tenha sido o poder de se estar em algum lugar.
Estar de verdade.
Chegamos ã conclusão que não importa quantas fotos ou filmes tiremos, nenhuma lente captura a grandeza do momento verdadeiramente vivido.
Nenhuma lente apreende a marca que o viver de verdade produz no corpo e na gente.
Eu posso tentar descrever o silêncio do Grand Canyon mesmo com mil visitantes ao meu redor. Eu posso dizer o medo que sentimentos diante das fendas abertas onde podemos nos arriscar sem a proteção de uma grande lá. Posso dizer que meu coração bateu mais forte quando chegava em Vegas. Que meus olhos não se cansavam da grandeza de cada mundo criado em cada hotel.
Eu posso escrever que os moradores de Los Angeles são sete vezes mais estressados que os paulistanos e que eles correm MUITO pelos grandes viadutos que se cruzam no ar levando às várias cidades do redor.
Poderia passar dias digitando letra por letra o quanto cada curva da Highway 1 cria na gente a expectativa pelo próximo show de grandeza da natureza misturando céu, sol, pedras, altura e o vento do pacífico. Poderia colocar a velocidade do vento que soprava e gelava nosso corpo quando atravessávamos já exaustos de bicicleta Golden Gate. Posso contar que no retorno ao Salt Lake, quase saltei do carro em movimento para pegar o gelo acumulado na estrada em pleno verão ou a curiosidade que o branco prateado dos lagos de sal secos de Utah nos causaram.
Posso fazer tudo isso e o fiz.
E talvez você se sinta tocado... e experimentado essas sensações.
Mas isso é uma décima parte do que vivi...
Do que vivemos.
E ainda que você passe pelos mesmos lugares, o que você viverá será diferentemente lindo, das belezas que senti.
Viajar nos faz vibrar... em vibrações próprias a cada um de nós...
Portanto, continuo por aqui, colecionando momentos que jamais serão roubados ou deixarão de fazer parte de mim.
Prefiro colecionar momentos à coisas...
É eu prefiro... preferi mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário