Um mês antes da quarentena disse em terapia que não sabia lidar com situações angustiantes, prolongadas e que então tivesse o controle.
Falei doido pensando em algum problema com a minha família, um problema de saúde, sei lá.
Hoje né lembrei disso.
Parecia intuição.
Hoje vivo uma situação angustiante, prolongada, sobre a qual não tenho controle.
Já imaginei tantas coisas horríveis. Já me angustiei com números altíssimos, ausência de socorro... Porque acompanhei minha amiga preocupada com tudo isso. Cléo na França, eu aqui, relatos de como estavam as coisas né assustavam tanto...
Ainda me angustiam.
Mas, agora entendo, pra sobreviver a uma situação difícil, longa e angustiante é preciso se defender... E essa defesa me anestesia.
Há compaixão. Há preocupação. Mas há sobretudo um cuidado de ir vivendo um dia de cada vez.
De ir vivendo como a vida se apresenta.
Assim como, aproveitar que nesse momento está tudo bem, pois não sei como será daqui dez dias.
Mas aquela angústia louca das primeiras semanas, se foi. O medo que vivi aqueles dias, não era real. Os cuidados que tomo desde a primeira semana eram estratégias pra tomar agora.
Entendi que tudo tem sem tempo e estou tentando viver cada coisa a seu tempo.
Estou em paz, como nunca achei que ficaria e agora sou paz e outros trêss sentimentos: estranhamento por essa sensação, preocupação (inevitável mas possível de ser vivida) e a certeza de que tudo passa.
Aliás esse é o motivo desse texto, registrar pra mim mesma que TUDO PASSA.
Esse blog já foi tanta coisa. Lá em 2014 começou como diário pra me ajudar no intercâmbio do meu namorado! Nem imaginava, mas leram meus textos! O namorado foi, voltou, a gente casou, o blog virou diário de dores e delícias do casamento. Mudou de novo pra nomear minha ansiedade pré-gravidez, pós-gravidez. Aí ficou monotemático em: Theo. Assim como a nossa vida! Então, faz como naquele samba: "Entra, se acomoda à vontade! Tá em casa! Toma um drink! Dá um tempo..." e vai me lendo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário