Carlos e eu sempre trabalhamos juntos.
Certa vez quando conversava sobre Carlos, com um amigo querido e sensato: Danilo, ele me disse: "Danielaaah! Onde se ganha o pão não se come a carne!"
Este blog, nos permite concluir primeiramente que não ouço - às vezes - os conselhos do Dan.
Sim. "Comi a carne" pertencente do local onde ganhava o pão.
E o fiz, porque acredito que há situações que ditados precisam/podem ser desrespeitados.
E acredito que o Carlos valia e vale a exceção.
Mas desde que iniciamos o namoro, estabelecemos regras.
Regras mais minhas que deles.
Sim. Desde o início e principalmente no inicio do namoro tomei muito cuidado.
Eis a lista:
Regra nº 1. Na faculdade onde trabalhamos não era namorada do Carlos nem ele namorado da Daniela. Lá os títulos eram bem outros. Ele coordenador, professor, administrador, Carlos. E eu: professora, psicóloga, ou Dani Maia, como me conhecem.
Isso se deve ao fato de que trabalhamos muito pela construção dos nossos nomes e carreiras profissionais e precisávamos manter isso. Trabalho é trabalho. Namoro é outra coisa.
Regra nº 2. Na faculdade nada de mãos dadas. Beijinhos. Abracinhos ou frescurinhas. Quanta rigidez! Você deve estar pensando. Sim. Muita. Mais minha que do Carlos. Mas isso é parte da compreensão de que trabalho é trabalho e namoro é outra coisa. Tenho mil lugares para ser namorada dele, e ele meu namorado... Lá éramos profissionais em ambiente de trabalho. Mesmo porque não impor esse limite poderia constranger colegas, alunos, ou possibilitar multiplicação de fofocas.
Regra n º3. Só assumimos o namoro depois de dois meses. Não poderíamos correr o risco de todos saberem, algo dar errado e lá permenecermos com questionamentos de todos. Ok! Eu não daria conta disso, o Carlos eu não sei. Então estabelecemos essa regra. Pouquíssimas pessoas sabiam do namoro no começo. E mesmo com todo esse cuidado, ainda houve falação pelos corredores.
Regra nº4. Melhor não trabalharmos juntos. Isso é estabelecido por mim. Odeio chefes como o Carlos. E para manter o que amo dele como namorado, decidi que não seria submissa hierarquicamente a ele JAMAIS. Isso é demais para meu lado feminista estilo Marcha das Vadias! rs
Regra nº5. Procurar não conversar sobre trabalho. Erramos muito nisso. A postura profissional do Carlos é dele e a minha me pertence. Já brigamos muito por palpitarmos nas escolhas e decisões profissionais diante das situações. Se solicitados palpitamos, mas isso raramente dá certo. Carlos é mais incisivo, mais "arrojado", eu sou mais passional, mais soft em algumas situações. E por princípio eu o contrario SEMPRE! Mesmo que no horizonte ele pareça estar certo. Isso faz parte da minha tendência a ser do contra mas também para exercitar a paciência dele e a possibilidade de faze-lo ver por outro ângulo! ahahahah E isso resulta em brigas gigantescas... Por tanto, mesmo que incorramos em desrepeito frequentemente procuramos seguir essa regra.
O fato é que hoje, período em que o Carlos não trabalha na mesma faculdade que eu, eu falo muito mais sobre ele com as pessoas do que antes. Hoje os alunos sabem que namorei um professor que já foi coordenador de curso. Hoje eles sabem que namoro um administrador "porco capitalista" rsrsrs Mas na época? Jamais!!! Nem tocava no assunto. Por medo, insegurança, por respeito, por postura.
O fato é que hoje erramos. Na tentativa de me ajudar, Carlos me indicou a um projeto que não tinha a ver comigo. Talvez não tenha muito a ver com ele... E enfim. Rendeu briga, choro, desapontamentos e uma reflexão gigantesca sobre nossas escolhas profissionais. E sobre o quanto me emputece - por mais que saiba que ele está buscando o melhor pra mim - ele tomar algumas decisões por mim.
O fato é que brigamos e o dia foi muito, muito difícil para mim...
A sorte é que como estou em Marília pude recorrer a essas duas lindezas que me asseguraram de que fiz o certo negando o convite para o qual o Carlos me indicou.
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Legenda para o dia no face: E em dias "mais ou menos" como ontem. Corro pra perto deles. E entre uma conversa na cozinha e uma sequência de esconde-esconde... vai ficando tudo bem!!! #joãoéocara #cumadi
Reposta da Na para a demonstração de amor: Você é uma das pessoas que tornam meu mundo melhor...
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Fofices a parte, voltemos ao texto...
E mesmo temendo prejudica-lo com a minha negativa, eu neguei para me proteger e proteger nossa relação. Eu não poderia 'jogar na cara dele' qualquer insatisfação profissional futura, caso me omitisse e aceitasse algo que não queria...
Neguei. Por mim. Por escolha. Por nós.
E o vi aceitando uma proposta. Por ele, para se garantir... mesmo que a escolha tenha doído.
Mas também sei que essa ação, disparou uma série de reflexões.
Amém.
É... Acho que o Dani estava certo. Onde se ganha o pão, comer a carne torna tudo mais complicado. Então é preciso o dobro, talvez o triplo de cuidado. Organizando afetos. Organizando atos profissionais....