O momento que tenho vivido precisa de uma definição, definição esta que não chegará tão cedo.
Na TV, nos jornais, nas redes sociais, nas conversas... tudo está infectado pelo vírus.
Aos 36 anos. Independente financeiramente. Casada. Três empregos. Dois desses ligados à Saúde (Pública e Particular). Muitos amigos. Há semanas sem visitar meus pais, explode a notícia de que estamos ameaçados por algo invisível mas impactante: Corona vírus.
Não sabemos os rumos dessa pandemia.
Nem quando passa, nem quando será extinta.
Não há tempo. Não há contorno. Não há definição.
A sensação que essa inexistência de controle me traz é quase inexplicável.
Hoje. Me sinto como em um brinquedo em que fui nas férias.
A traquitana consistia em um colchão, retangular, enorme, cheio de ar. Onde me deitava em uma extremidade e na outra extremidade um rapaz, responsável pelo brinquedo pulava de uma espécie de trampolim, atingia sua extremidade e o impacto dele no colchão, em um efeito catapulta, deslocava meu corpo pelo ar... Segundos de deslocamento rápido em que o barulho dos forrós da Lagoa do Paraíso se tornavam silêncio. Silêncio e ausência de controle sobre onde cairia e de que modo cairia.
À mim, restou segurar firme no colete salva-vidas, voar, esperar a queda na água.
Segundos de silêncio que foram longos.
Poucos segundos sem controle que pareciam muitos.
Eis como me sinto agora. Sem previsão de quando caio na água.
Sem previsão de que o colete salva-vidas onde tento me segurar, de fato me assegure.
Raciocínios sobre possibilidade de contato.
Raciocínios sobre problemas com a saúde dos meus pais.
Incertezas sobre o quanto o meu corpinho suporta esse problema sem um colapso.
Reflexões sobre o quanto o sistema de saúde suporta dar assistência às pessoas sem um colapso geral... Me deixam em suspenso.
Onde vamos cair?
Que hora vamos parar?
O meu humor me deixou, por hoje, ele também está em suspenso, no ar e voando, longe de mim.
Não consigo encontrar as mãos dele pra nos segurar.
Tempos difíceis... Difíceis.
Esse blog já foi tanta coisa. Lá em 2014 começou como diário pra me ajudar no intercâmbio do meu namorado! Nem imaginava, mas leram meus textos! O namorado foi, voltou, a gente casou, o blog virou diário de dores e delícias do casamento. Mudou de novo pra nomear minha ansiedade pré-gravidez, pós-gravidez. Aí ficou monotemático em: Theo. Assim como a nossa vida! Então, faz como naquele samba: "Entra, se acomoda à vontade! Tá em casa! Toma um drink! Dá um tempo..." e vai me lendo.
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