quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Conversa...

Tudo isso rolando e olha a conversa fofa com minha médica. Sim, nós não mostramos nosso sentimento pra todas as pessoas...


" Médica: Boa tarde Dani,

Como você está ?

A Andresa me disse que está com problema dermatológico.

(Jeito fofo o dela de falar sobre peréba! rs)

Espero que melhore o mais breve possível 🙏🏻🙏🏻

Médica: 

Você apresentou algum sangramento?

A realização do exame é amanhã 

Estou na torcida 💕💕🙏🏻🙏🏻

(Ahahaha ela pouco me conhece, se eu tivesse tido 0,00002 mililitro de sangue eu teria ligado pra ela na hora)

Eu: Oi, estou com uma micose no pé 😐 e tem incomodado muito há dois dias porque coça. 

Não apresentei nenhum sangramento, estou com uma sensação de sensibilidade no seio, comum a quando estou tpm fora isso, acho que não senti mais nada. Estou ansiosa rs 

Amanhã de manhã faço o exame! Espero que venha um positivaço! 

Haverá valor de referência no exame pra eu entender se é positivo? Ou eu preciso te mandar pra vc me dizer se é?

Médica: Haverá sim o valor de referência 

Mas precisa me enviar para eu dizer ☺️

Eu: Combinado!"

Exaustão

Há um custo emocional vivido intensamente nesses dias. A cabeça hiperfuncionando me faz pensar em coisas boas, muito boas e ruins também, numa velocidade e alternância incomuns.

Não tenho me queixado ou dividido muito o que tenho vivido. Poucas pessoas sabem da fiv e converso com menos pessoas ainda sobre o que penso e sinto. As pessoas mais próximas disso são Carlos, Na e Cléo. Os demais, sabem de algumas informações mas não sabem o que sinto.

Isso é algo meu. Já falei muito sobre coisas íntimas e aprendi a não falar, não como um regra, mas como um movimento natural.

Temos abrir demais e ouvir coisas que me desestimulem ou ter que dizer da frustração pra um sem número de pessoas.

Estou me poupando nesse sentido.

Mas entre terça e hoje transbordei, literalmente. Na madrugada de terça acordei duas vezes a noite com muita coceira no pé. Molhei o pé, passei hidratante e consegui algum alívio pra dormir. Mas não total. No dia seguinte mais desconforto. Achei que era desidrose. Na terça fiquei desconfortável mas atendi a tarde toda e na noite de terça para quarta enlouqueci.

Tentei dormir e comecei a chorar. Estava ansiosa porque  Carlos faria um procedimento do coração e eu estava ansiosa. Não por temer, mas porque não queria ele longe de mim, não na véspera do exame.

Não queria q passássemos por mais uma situação com a qual lidar... além do que já estamos vivendo. Depois comecei a sentir MUITA COCEIRA. 

Na verdade pouco dormi. Fiquei a noite toda tentando lidar com mais esse incômodo, com meus pensamentos, com a angústia, com o água termal no pé ... uma loucura.

Uma sensação de angústia, de impaciência, chorei de medo, de exaustão, de tristeza, de ansiedade, de mil pensamentos desordenados e sentimentos bagunçados.

Uma daquelas noite longas onde dormi por cansaço e só me perguntava como ia fazer pra trabalhar com desconforto, sono e desorganização interna.

De manhã correria. Deixei o Cá no hospital, fui trabalhar, tentei me concentrar mesmo com coceira, corri na dermato pra um encaixe, resultado: micose. Voltei correndo, trabalhei mais! Vim pra casa, passei na farmácia no caminho e mais hormônio, comprei creme hidratante de gestante e meia caixa de hormônios (vai que não o preciso pq n estou grávida), percebe a ambivalência, a contradição?

Vim pra casa e esqueci do almoço,  fui buscar. Trabalhei,  Carlos sai do procedimento, descobrimos que não foi eficaz, precisará de outro, vontade de sentar no chão e chorar, mas o choro não sai, apenas uma queixa leve...

Queria mesmo era sentar no chão e extravasar. Transbordar em lágrimas o que tô vivendo. Explodir, pôr pra fora, berrar e não consigo.

Fim dos atendimentos, limpei a casa, corri no mercado, voltei, pé coçando, vontade de chorar, tomei banho e aqui estou.

Querendo fazer transbordar em letras...

E já sentindo o frio na barriga por amanhã. 

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

Um longo processo

 Em 2018, após um ano de ter ouvido do meu nefrologista que era melhor eu ser mãe logo,  decidimos que poderia ser o momento de iniciar as tentativas.  

Neste tempo,  precisei ter coragem de trocar o remédio de pressão, que também era nefropotetor, por outro remédio, indicado para gestantes. 

Iniciei o processo de troca em fevereiro de 2017, esperei o tempo de adaptação e a margem de segurança para que todo sal do remédio anterior saísse do meu corpo,  pois poderia atrapalhar desenvolvimento fetal.

Em maio, após esse período, quando me sentia ok para começar, massageando meu ombro,  sinto um nódulo! Um gânglio linfático aumentado! Disse o médico que fez ultrassom! Provavelmente você está com alguma infecção,  melhor investigar.  

Era junho e suspende o projeto bebê! Bora investigar! 

E o que ora vc se traduz em dois parágrafos e 6 linhas pra mim foram dias e noites de muita angústia! O que era o nódulo? Porque se desenvolvera? Qual era a infecção? Como controlar? Quando acabaria? Pq comigo? 

Parece dramático e é! Sou leonina exagerada, com ascendente em peixes chorona, e acho que minha lua é em medo! rsrs 

Depois de ir à minha ginecologista,  descubro que estou com toxoplasmose. Resultado da vida saudável que vinha tendo, comendo muita salada dos lugares e que provavelmente não foram lavadas do modo  correto! E isso eu soube com uma excelente infectologista que consultei e que me acolheu e acalmou.

Porque a essa altura, eu queria entregar a Paçoca, a gata de uma vida toda pra adoção! Sim, depois de 14 anos de convivência pensei: toxoplasmose veio dela! 

Embora soubesse que o maior foco de contaminação sejam alimentos! 

Chorava por medo da toxo, por dó de estar com raiva na Paçoca e porque isso me impediria de tentar  engravidar por 3 meses - a infecção estava ativa e teria que ceder. 

Com margem de segurança, esperei mais que 3 meses. E quando finalmente estava ok para tentar em novembro de 2017. Comemoramos a chegada da Marina e a minha liberação! Em dezembro,  perdemos meu sogro de modo rápido e repentino!

Foram meses de luto! Pelo menos 1 ano de muita triste pro Cá.

E então reomeçamos daquele jeito! Como quem começa a dieta na segunda e essa segunda não chega nunca. Ou a gente sempre abre exceção e enfim...

Isso já é 2019. Nesse ano fui pro ano novo de vestido branco com uma fita azul e uma rosa comigo pedindo meus bebês. E nada... 

Passei o 2019 tentando mais sozinha do que com o Carlos. Um cansaço da rotina e dias e dias tentando entender ovulação e data certa pra tentar engravidar... 

Um processo chato, que pra mim, passado esse tempo percebo que minou nossas energias, nos fragilizou enquanto casal, interferiu na nossa sexualidade. Ter relações com dia marcado na exaustão de uma rotina é estressante não é legal! Como produzir vida desse modo?

Tentativa atrás de tentativas. Meses divididos em ansiedade pela semana de ovulação, ansiedade pela não vinda da menstruação,  tristeza ao perceber sintomas de TPM e mais tristeza ao perceber q menstruei. 

No meio disse veio a pandemia e suspendemos as tentativas. Estava com MUITO MEDO e só recomeçamos as tentativas 6 a 7 meses depois de iniciada a pandemia, não sem medo, mas arriscando, como qualquer brasileiro fez nessa loucura que foi a pandemia no contexto do nosso país.

Foi como fuga da realidade mesmo. Vamos olhar pra vida porque a morte nos invade de vários modos.

Até o dia em que me peguei chorando no banheiro porque menstruei e decidi blefar: dizer à gineco que estava querendo tentar fiv, como uma mulher diz que quer fazer lipo mesmo magra, ou que quer fazer qualquer procedimento no cabelo que não precisa.  Eu blefei e começaram os exames.  

Foi quando eu descobri que realmente havia um impedimento mecânico,  um pólipo, no útero e uma tuba com suspeita de problemas,  que não se confirmou. 

Mas que entendi que não era uma frescura pedir ajuda para engravidar,  era necessário! Era preciso.  E então passei a fazer procedimentos e tratamentos.  

De lá pra cá foram, 1 histerossalpinografia, 2 histeroscopias em centro cirúrgico, foram pelo menos 3 ultrassons em clínica especializada, foram incontáveis ultrassons na clínica médica pra acompanhar ovulação, realizar aspiração dos óvulos e depois verificar endométrio e conseguir fazer a transferência.

Foram injeções de hormônios pra favorecer crescimento de folículos,  duas injeções pro gatilho da ovulação, aproximadamente 42 óvulos de progesterona e umas três cartelinhas de estradiol... 

Muito choro. Muito medo. Muita preocupação.  Mas muita coragem. Muito apoio. Muita vontade. Muita fé. 

Após a transferência me sinto mais próxima da possibilidade de ser mãe e é inegável uma ansiedade pelo positivo e pelo negativo. Eu caminhei por muitos lugares até chegar aqui.

Eu achava que bebê por fiv era mercadoria. Agenda-se um horário porque é prático e busca-se um bebê. Não é. É outro processo! Muito outro. 

Não sou menos mãe e a dor que sinto quando penso nisso tem a ver com a expectativa,  com o fato de que as pessoas entendem maternidade por um caminho único e pensar pensar fiv pra alguns parece falta de fé na natureza quando na verdade ela requer uma dose extra, pra acreditar que o natural se manifesta em laboratório, nas imagens que visualizamos, nos testes que fazemos, no sonho vivido todo dia e com investimento. 

Investimento GIGANTE! Que não vou comentar sobre a dimensão em qualquer conversa, mas ele existe, está inscrito em mim e na coragem que sustento de buscar meus ou meu ou minhas ou minha bebê.

 Eu não vim até aqui pra desistir agora. Entendo e acolho a minha vontade de fugir dessa ansiedade toda, pq não vai ser a primeira vez, que acelera meu coração sobre isso nas últimas 24 horas. Mas eu não vim até aqui pra desistir agora. 




domingo, 24 de outubro de 2021

Ambivalências

 Já pensei em teste de gravidez por método PCR, se são mais sensíveis pra covid,  detectando a presença de vírus vivo precocemente,  devem detectar a vida de bebês. 

Já pesquisei por simpatias pra saber se estou grávida. 

Agora eu tento ler sinais do meu corpo.  Meu seio dói. Nunca me senti tão feliz ao acordar e sentir que meu seio pesa e dói, uma dor que não minha cabeça pode ser diferente de TPM.

Hoje me vi, de pé, decidindo com o Carlos o que faremos com nossos livros,  prateleiras pra fazer o quarto do/a(s) bebê(s). 

Porque faremos dois quartos um aqui,  um na casa nova,  pois não mudaremos daqui antes do nascimento.  

Daí quando vc lê a frase parece que já estou positivada, quando na verdade não sei se estou.  

Minha terapeuta diria que estou sonhando e isso é bom. Meu melhor amigo diria que o que é meu já chegou até mim (positivando ou não). 

A Na diz que palavra tem poder.  E eu realmente achei que deveria planejar o quarto,  muito embora, logo depois tenha olhado o abismo da insegurança dentro de mim. E se não estiver?

Deveria fazer uma lista das coisas que vou fazer caso negative? Tipo: patinar,  beber cerveja,  chorar, me organizar pra indução de ovulação de novo (isso me angustia, juro!) mas vou tentar fazer isso antes de virar o ano.

E aí quando penso nessa lista me questionei se não deveria pelo menos pensar também na lista do positivo: surpresa pro Carlos, planejar como falar com as pessoas, ir na gineco, comprar roupinhas!, passar o ano novo com meus pais pra contar pra eles e tals... 

Enfim. O fato é q desejo muito o sim. A lista do não é uma compensação que me dou pq vou descer e enfrentar meus medos, então enquanto isso, bebo uma cerveja.

Eu não sei muito bem.  Essa noite me peguei pensando que em caso de gêmeos, saltamos de 3 seres em casa pra 5! Paçoca será promovida a irmã mais velha rsrs E como diz o Ca, haverão outras pessoas pra eu dividir minha chatice e não só eles. 

Deus nos ouça.  Deus ouça nossos desejos.  

Deus me dê força para sustentar minha frustração,  se ela vier.  Amém.  



sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Não está sendo fácil

O Google é testemunho da mente moderna.

Procuras do meu Google:

Primeiros sintomas de gravidez

Gravidez e bardana

Psicologia e Fiv

Primeiros sintomas de gravidez

Quiromancia: quantos filhos vou ter?

Alimentos bons para auxiliar na nidação

P!nk (isso aqui é um vício)

Quetiapina (isso aqui é trabalho)

Enfim, vc já sabe o que se passa na minha cabeça. Ansiedade a mil. 

Após a sessão de terapia de ontem, onde me questionei porque não consigo apenas sonhar algo como: "Que legal estou grávida e eles estão aqui!"

Fiquei entre tentar curtir e ter vontade de chorar pedindo que eles nidassem, porque estou com medo.

Bonito isso: "Queridos, mamãe tá com medo de se frustrar, fiquem comigo por favor?" Depois disso, penso que talvez deva procurar terapia para bebês, porque com uma mãe dessas, quem precisa de mordedor? Já vamos direto pra terapia!

O fato é que ontem, senti dores no peito, inchaço e sinto mais fome. A fome que acho psicose de minha parte... o inchaço e dores no peito, podem ser um indício, mas vivo eles desde 14 anos, quando menstruei pela primeira vez. Ou seja eles não me dizem nada!!!

Racionalidade, controle, ansiedade  e necessidade de por o óvulo de progesterona antes de ir trabalhar... que coloco com uma hora de antecedência de acordar!!! Isso porque trabalho no SUS e entro às sete!!! Essas coisas tem me feito acordar muito cedo!

E vc deve estar aí pensando no quanto o processo de fiv é difícil,  mas vai aqui um detalhe importante: a colocação do óvulo nesse horário  é coi-sa-da-mi-nha-ca-beça! Pq minha médica disse 20 minutos!!

Continuando com os eventos da minha mente ansiosas... acordo hoje e imediatamente vem meu acupunturista da vida, fazer uma participação especial no show da minha ansiedade, e dizer: "Daniela, sono renova energia de vida e é disso que vc precisa para ter bebês!" Ou seja, ansiedade rolando solta! 

Mil dúvidas!

Mil piras e uma certeza, como diria a cantora anos 80 Kátia: "Não está sendo fácil!"

E como diria minha terapeuta: "Daniela, por que vc não se permite sonhar?"

E como diria eu mesma: "Caralho! Por quê? Que difícil isso."

Obs.: Esse foi um recorte do meu fluxo mental em 15 minutos... me siga para mais receitas de surtos na madrugada!


segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Informações e informações

18 de outubro de 2021, 11:30min.

Clínica de fertilização.

1. Avental, touca, pró-pé, vontade louca de fazer xixi pela bexiga completa pra facilitar visualização do útero. 

2. Centro cirúrgico uma enfermeira como auxiliar, uma médica pediatra/geneticista ginecologista, um marido e uma tentante.

3. Útero facilmente visível ao ultrassom,  endométrio com textura e espessura esperadas e com qualidade. Sem pólipos e trilinear. 

4. Embriões em D5 e D6, um com excelente qualidade, sem perda de célula ao descongelamento e um segundo embrião com qualidade mais baixa, com 20% de perda celular, mas como esse valor é inferior a 50%, será utilizado na transferência. 


Informações pessoais, intransferíveis e afetivas

1. Nós sentimos muito medo de não ter embriões no processo de fertilização dos óvulos.

2. Chorei muito e Carlos também com a perda de 50% de embriões em D5.

3. Deu frio na barriga decidir que deixaríamos ir até D5.

4. Nunca pensamos em transferir um embrião só.

5. Carlos teve medo de perder embrião no congelamento e eu não pensei nisso um segundo sequer.

6. Fomos pra clínica ouvindo Cover me in sunshine (P!nk) e "Vem neném" do Harmonia do Samba.

7. Harmonia do samba tocou na hora da transferência e tive uma crise de riso.

8. Ganhamos os tubos de ensaio onde ficaram os bebês (embriões) congelados.

9. Não quis fazer xixi em seguida pq senti medo que os nenénzinhos escorregassem e descobri que isso é uma fantasia comum. 

10. Nos referimos aos bebês como: bebêzinhos, nenémzinhos, galeres e molecada.

11. Dormi a tarde e a noite não dormi direito porque fiquei preocupada com a galeres na barriga e eu dormindo de lado. 





domingo, 17 de outubro de 2021

Cada um na sua maratona, com algumas coisas em comum

Talvez seja o fato de ser psicóloga, talvez seja o fato de trabalhar há 16 anos, em análise, as emoções e olhar atentamente cada experiência...
Mas, ultimamente, vejo as situações da vida como um espaço para sentir, pensar, experimentar algo novo e sair diferente.
Veja que escolhi a palavra diferente. Porque não sei e, nem quero julgar, se saímos melhor ou pior, acho que a gente sempre sai diferente de uma experiência. 
Hoje, recebi vídeos e fotos do Pietro, marido da Cléo, na maratona de Paris.
Cléo comentou que viu pessoas machucadas, luxações, choro, exaustão.
Pessoas não podem ir pra uma maratona sem preparo físico, preparo mental, sem uma estratégia, sem um caminho, sem ter fortalecido o corpo pra enfrentar tantos km para os quais o corpo humano não foi feito.
A maratona é uma zona de esforço extremo.
Exige reprogramação do corpo, da alimentação, da hidratação, dos pensamentos e dos próprios limites.
Tudo isso pra suportar e conquistar a chegada, que representa ter passado por lugares da experiência, dos pensamentos, das emoções e sentimentos que não se viveria sem ter que correr no extremo. 
Por tudo isso, Pietro estava ansioso, ele sabia que visitaria a exaustão na prova. Falei com ele rapidamente no dia anterior valorizando o processo que ele viveu, pq o processo dele já foi mágico. 
Mas ele queria a chegada, o desejo dele era cruzar a linha de chegada.
Por quais pensamentos ele passou nos treinos? Que sensações ele viveu ouvindo a passada, tomando o fôlego em cada dia que correu? 
Qual o valor da corrida num tempo de pandemia, pra um homem, fora de seu país? Sendo um italiano, médico e aberto à música e experiência cultural brasileira, o que ele enfrentou correndo em meio à pandemia quando o país dele era marcado pela dor das cenas mais difíceis que vivemos no início da covid? 
O que a corrida fez por ele? O que ele venceu pra fazer a corrida? 
O que ele ganhou quando trocou experiências com um Iron men brasileiro, do interior de SP, q conheceu? O que sentiu quando chegou à Paris após a covid contraída tão próxima da prova e que roubou segundos do seu desempenho? O que viveu quando Cléo gritou seu nome ao fim da corrida? 
Essa vivência fez ele viver coisas que não imagino e talvez ele nem tenha pensado todas essas perguntas, que são minhas, sobre a experiência dele... 
Enquanto isso, aqui no Brasil, ontem me refugiei nos patins. Patinar me obriga a estar presente. Não me concentrar nos ângulo dos meus pés, ao meu redor, não pensar na angulação dos meus joelhos ou na velocidade que estou pra patinar em determinados pontos, me desequilibra.
Patinar não me é automático, o treino inscreve esse automático, aos poucos, no meu corpo; mas não está inscrito por completo.
Estar nos patins é vento no corpo, é coração disparado quando desequilibro, é sensação de calor quando sinto que poderia cair, mas é, principalmente, estar muito feliz de viver aquilo, é gratidão por estar conseguido. 
É pensar que desejaria que qualquer pessoa vivesse momentos na vida em que fizesse sentido ela fazer algo porque se sente bem. Porque é assim que me sinto quando patino.
Quando patino, ouço música e sinto o desejo de acompanhar o que ouço e as emoções que dançam em mim tentando deslizar na mesma sintonia.
Patinar me refugia do mundo, me coloca no centro de mim. 
É viver a sensação de patinar 40 minutos e pensar: Preciso parar,  mas não quero!
Patinando estou atenta a mim e a todos os lugares que visito nos meus pensamentos. Processo o que tenho vivido, penso no bom e no ruim do que vivo, enquanto deslizo.
Quando quase caio estudo o que senti, se senti por mim ou por vergonha de que vissem minha falha. E quando consigo patinar bem, penso em como é quando a vida vai sem falhas, sem poréns. 
Da última vez que patinei, pensei nas saudades que posso sentir de patinar, se engravidar, mas também penso que aquele par de botas com rodinhas pode me salvar de mim e da queda que a frustração me causará, caso a fiv dê errado.
Mas, assim como pensei sobre a maratona do Pietro, a gente só sabe o que é viver algo, quando se VIVE. O que será nos próximos 10 km? Eu só vou saber em cada passo. Posso me programar, posso treinar, tenho feito isso, mas não posso ter controle exato ou certeza do próximo km.
E mesmo sem o controle total, ainda sim, vale a pena a maratona. 
Cada passada me põe na experiência seguinte e eu só vou. Mas assim sugeri ao Pe, vou optar por viver e me experimentar nessa maratona fiv.
Escutar cada sensação dessa experiência. 
Presente. Atenta. Experimentando deslizar, experimentando não estar fixa. Experimentando ser levada e na expectativa de que viva bons momentos ou, que no mínimo, saiba quem sou eu numa maratona como esta que estou vivendo.
Enquanto patino, enquanto vivo, vou pensando e olhando pra cada cantinho da minha maratona. 
E um desses canto, dói.
Assim como eu sabia que se o Pietro não terminasse a corrida doeria nele, mesmo que todos nós, que não estamos correndo, soubéssemos que o processo dele já foi muito bonito e que ele nunca mais será o mesmo depois de se experimentar na situação da maratona. Nele, não terminar a prova, ia doer.
Assim como vai doer dependendo de como terminar a minha maratona, mas... eu espero em algum momento, que fica escondido nos km pós elaboração da frustração, acessar a ideia que o processo já foi bonito e fez minha musculatura de vida ser diferente e melhor. 
Mas não há como me preparar, apenas viver.
E quem sabe, eu posso terminar minha maratona orgulhosa como o Pe? Conquistando o que desejo de coração e que tenho buscado e enfrentado.
Só saberemos ao fim dos meus 42km! 42km pros quais ninguém foi feito pra correr, mas por algum motivo, eu escolhi, como o Pietro, correr. 

Coincidência?

 Recentemente em conversa no WhatsApp,  Mi e Juca contaram que iam sair de férias.  Também disseram que passariam pela Basílica de Aparecida do Norte.  

Lá é um local que me emociona.  Foi o único lugar de fé, emblemático, que visitei e já fui lá algumas vezes. Na última vez,  fui com meus pais e me senti muito emocionada.  

Quando tive alguns problemas de saúde,  sempre pensava que iria a Aparecida pedir pela minha saúde ou que queria ir lá se pudesse agradecer.  Esse pensamento martela na minha cabeça.  

Quando a Mi disse que queria ir lá,  pensei que poderia escrever uma carta,  já que não iria junto.  Hoje pensei sobre isso, temia que eles já tivessem ido, mas mandei mensagem e descobri que não tinham ido, que sairiam amanhã e que a primeira parada era em Aparecida.  

Perguntei se a Mi levaria minha carta e ela respondeu: nem que eu precisasse ir a pé!

Fiz a carta, com sentimento, agradecendo, agradecendo muito e pedindo. Pedi que ela me acolhesse me concedendo uma maternidade de paz. Ainda que ela não ocorresse no tempo do meu coração ansioso. Fechei a carta e leve. 

Lá chegando, Mi me perguntou sobre se tínhamos planos pra Fiv e respondi: faço a transferência em 18/10. Ela sorriu e disse é no dia q vou estar lá. Meus olhos se encheram de lágrima. Olhei pra ela q também se emocionou disse: achei interessante essa coincidência,  se é que elas existem. 

Minha carta estará lá dia 18. Meu coração também está com Nossa Senhora, seja pra realização do meu desejo, seja pra suportar a frustração e recomeçar. 

Que ela continue me protegendo. Porque eu sei que isso não é mera coincidência é sinal e é fato.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Vem neném

11.10
Feito exame de zyka - negativado.

Fim de tarde, maior correria do planeta pra ir ao picnic, com a Phamilya!



Essas pessoas são a Phamilya que escolhemos. Foi cercada dessas pessoas que eu comecei a namorar. Foi cercada dessas pessoas que me casei. Foi com essas pessoas que senti ainda mais vontade de me tornar mãe. 
A gestação e nascimento da Marina fortaleceram dentro de mim o desejo de ser mãe. Quando Maria Luísa nasceu, já estava em meio à tentativas.
Hoje fizemos um picnic pra aproveitar as meninas! E estar com a Maria que nasceu na pandemia e nos encontramos poucas vezes. 
As menininhas mais fofas desse planeta enchem nossa turma de amor!! 
E tirar essa foto - uma foto tradicional da nossa turma, que tiramos quando a Mi engravidou, quando a Bru engravidou e na expectativa da minha gravidez hoje, foi uma forma de nos acolher e trazer boas energias pra Fiv!!! 
Todo mundo na #vemnenem! E que venha!! Que a energia de tanta gente querida nos fortaleça a viver o que temos que viver! 
Se for pra ser... #vem neném


 

domingo, 10 de outubro de 2021

10 do 10. Dia D! Número 1.

 Queria ter escrito pela manhã, mas ela passou de um jeito estranho. Rápido. Devagar... Sei lá!

Hoje era dia de retorno na médica.  Um dia decisivo.  Olhar o endométrio e através da imagem identificar textura e espessura. 

Expectativa: ir de boas! Realidade, fomos nos questionando sobre a descarga do banheiro.  Até que disse: não acredito que estamos falando sobre descarga indo pra uma consulta tão séria! 

Meus olhos rasos d'água, Cá mudando de assunto  e eu pensando: pq estou chorando,  se não há nada de ruim!? Ainda não há nada de ruim. 

Acalmei. Chegando lá.  Recebo um avental diferente do de sempre que é azul.  Hoje era lilás, minha cor predileta! Pensei: Nastassia diria que isso é um sinal positivo! (Nada é por acaso, Dani!, diria ela!) Fiquei com essa versão. 

Real ou não, era acolhedora!

Ultrassom transvaginal começa, Carlos já está do meu lado! Textura adequada,  trilinear. Imagem clara.  Evidente, três linhas tacadas.  Sem pólipo! Glória a Deus.  Porque se houvesse pólipos haveria impedimento para a transferência.

Espessura, 0.85mm acho que é isso.  E acima de 0.7mm é sucesso! Então, fechou!

O avental era um sinal.  Programação de hormônios escrita,  orientação sobre exames,  vamos a diante.  

Carlos ansioso,  mil perguntas.  Renata atendendo a gente calmamente. Eu também calma. Nesse momento estou calma. Paz dentro de mim.  Admiração pela ciência.  Sensação de ver um milagre técnico em curso.

Tenho admirado a ciência, a medicina e o que elas possibilitam. E mesmo não sendo linear.  Mesmo não tenho controle de nada, hoje foi dia de vinho e sonhos. Hoje foi um dia de futuro.  10 do 10. Vem neném! Venham nenéns! E se vier frustração é ela que terei que digerir, que me aconteça o que tiver escrito! Amém!


sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Muito movimento

 "Estou agitada e inquieta! Sabe quando você não tem parada?" Comentei com a Na! E completei: "Não gosto de me sentir assim."

Transformações em curso,  há um movimento interno intenso.  Impossível parar, por minhas tarefas em ordem,  ficar em silêncio.  

A ansiedade é por domingo. 10 do 10. Dia de saber se dou um passo adiante ou se volto atrás.  Transferência ou novo tratamento? Nesse momento só penso: transferência.

Essa semana me dei conta de que caso engravide, não poderia fazer procedimentos estéticos. Corri pra Thais, minha dermato. Quero me sentir bonita,  mesmo grávida!

Quero semblante mais leve. Sem a ruga de expressão "sisuda" que divide minha testa. Preenchi olheiras e pensei: em 9 meses elas serão grandes, vamos aproveitar enquanto há tempo.

Thais conversou sobre retorno e percebi que meu desejo MESMO era não poder retornar pq grávidas não podem fazer retorno de botox.

Então me dei conta do quanto estou tentando deixar tudo pronto.

Tomei vacina da covid, terceira dose, como num passe de mágica, soube do link às vésperas da vacinação e o link era pro meu grupo! A vacina era pfizer (marca q posso tomar) e faz efeito em quinze dias, data da transferência. 

Olhei assustada pro universo se encaixando. Senti-me grata por ver os sutis movimentos desse encaixe. 

Em terapia na terça exitava, na quinta dizia: vamos ver, mas queria MUITO estar grávida. Parece que nada me tira desse movimento... dessa vontade ou desejo.

Ele tem força. Quis escrever pq ele tem força. Impossível parar qdo placas tectônicas de uma vida vibrar na expectativa de se moverem. Já há muito movimento aqui dentro e, nesse momento,  ele transborda.

Toma meu corpo em movimento, faz meu pensamento dançar.  Seja o q Deus quiser e q se eu estiver pronta q nossos desejos coincidam!

domingo, 3 de outubro de 2021

Primeiros sinais de uma grande transformação

Domingo, 02 de outubro, 10:37 e eu me movimentando pra ir à Renata, médica, fazer o ultrassom no segundo dia do ciclo menstrual para ver como estava mei ovário e endométrio. 

Carlos se arrumou e lá fomos nós. Chegando à clínica portas fechadas. E vc dirá: Mas é domingo Daniela! E eu te direi ovário não tira férias! 

O fato é que tudo é regido pelo movimento hormonal e se a data certa pra uma avaliação ou ação for domingo, será domingo mesmo. 

Mas a questão é que a consulta havia sido marcada para 11:30. A confusão no horário, da eterna-atrasada-sempre-correndo se deve ao fato de que... não sei.

Carlos alega que seria ansiedade. E não nego. 

O fato é que hoje fomos avaliar ovários e endométrio, pós procedimento de retirada de pólipo. O endométrio tá gordinho, hoje é meu segundo dia de menstruação e tenho muito fluxo nesse dia!

Os ovários em repouso, óvulos com 7.5mm tudo bem! Mas não conseguimos ver a parede interna do útero pelo momento do ciclo menstrual.

Então novos exames serão feitos no domingo 10/10 pra avaliar se partimos pra FIV ou não. 

Alguns pontos... após um mês e meio de espera, remédios e procedimento de retirada do pólipo em centro cirúrgico,  retorno no dia 10 pro ponto onde paramos em agosto.

Em agosto fiz esses exames e achávamos que a transferência ocorreria em agosto... mas "a vida não é linear!" (Eis meu mantra em 2021)!

Então voltamos uns passos atrás e refizemos o caminho onde estamos seguindo.

Após a transferência... somente um dia de repouso e  vida normal.  "O repouso não aumenta chances de Gravidez!" Este será meu mantra caso faça a transferência porque o desejo é permanecer imóvel! Pq parece aumentar as chances. 

Quando ela esclarecia os fatos...

1. Não precisa de repouso.

2. Vc será uma grávida em potencial!

3. Isso significa que não deve beber...

- Oi? Senti vontade de tomar cerveja na hora! Pensei: vou tomar cerveja no almoço!!! - coisa que nunca faço! Pensei ainda, até o dia da transferência viro alcoólatra pra compensar que o ficarei sem beber. Porque beber me é tão característico! Ser forte pra bebida também. 

Eis a primeira característica que se dilui na gravidez. 

4. Evitar exercícios físicos de risco ou desgastantes... 

Dei adeus aos meus patins. Porque grávidas não patinam. 😢 

E vc me pergunta: Daniela, mas vc não pensou nisso tudo? Responderia que pensar é bem diferente de viver.

O não, a proximidade da transferência, são um momento de ansiedade e alegria, mas uma coisa é imaginar a outra é viver.

Pensei que esses são somente as primeiras ondas de abalos sísmicos que virão sobre meu território. Que será desfeito e reconstruido MUITAS VEZES ainda. 

Essas são as primeiras coisas minhas e tão minhas, de que abro mão, por alguém ou alguéns queestá chegando pra me transformar por completo. 

Por hora... vou abrir uma cerveja. Hoje posso!