sexta-feira, 2 de agosto de 2024

E quem vai dizer tchau?

 Como a gente faz pra ir encontrando modo de finalizar uma parceria de anos? Essa é a pergunta que ecoa em mim. Hoje, depois de observar sinais de adoecimento da minha gatinha, minha companheirinha de 17 anos, levei ao veterinário e descobri que n era exagero, ela realmente n está bem.

Passa um filme na minha cabeça. Ela miando bebê no carro e eu pensando que iria me arrepender de pegá-la. Ela escalando todas as coisas de casa. Correndo maluca sobre móveis no primeiro apartamento com ela. 

Ela explorando o apartamento novo, a minha cama nova, dormindo horas como se o sofá fosse dela. Ela sendo fresca com todos os meus amigos, aguentando minhas noitadas, meu excesso de trabalho, escrevendo dissertações, tese, estudando pra concursos. Aguentand minhas viagens, meus ataques de amor, as muitas fotos. Indo pra Venças comigo. Curando minhas gripes sentando-se ao lado da minha cabeça na cama ou sofá. Curando minhas dores como sombra, me seguindo pelo apartamento. 

O Carlos chegou e ela o adotou. Curou dores dele tbm. Deitou-se carinhosamente sobre ele o olhando fixa e tranquilamente quando ele tbm n sabia como dizer tchau pro pai dele. 

Quando tive medo ela acordava e me seguia nas idas ao banheiro. Na pandemia me ensinou a tomar sol pra vitamina D, olhar o tempo e a paisagem. 

Quando engravidei disse que precisaria dela pra cuidar do bebê, ela aguardou. Acordava na madrugada comigo. Olha o Theo no berço. Ficava em volta dele o tempo todo. O seguia pela casa. O mordia. Mas teve paciência com a imaturidade dele.

Não raro me referia ao Theo no feminino, pq 15 anos antes dele nascer eu era mãe de menina, mãe dela, mãe da Nina.

Nina, Nininha, Paçoca, Paçoquita, Piriguete. Paçoca Piriguéte Wasawski. A Paysocs… 

Que depois virou Pacóca! Pro Theo! 

Foi topo de bolo no casamento, fez parte do save the date, fez fotos de gestante comigo, fez fotos da vida.

Me seguiu durante toda a sua vidinha. Hoje foi uma das primeiras vezes que n me seguiu por motivos tristes. Eu vim. Ela ficou: internada. 

Não estava bem. Hipotérmica. Desidratada. Não resistiu como de costume ao veterinário que sempre odiou. Como se se rendesse. Como se estivesse cansada. Como se pra ela n desse pra seguir. 

Me despedi pra rever amanhã. Com coragem. Disse que entenderia q ela faria só o possível, n agradeci por ela me seguir a vida toda. Não queria me despedir porque espero revê-la. Queria mesmo revê-la pronta pra escalar minha calça jeans, como qdo era bebê. 

Como n é possível, apenas vi um filme passar na minha cabeça com tantas cenas lindas de um companheirismo que n sei como poderia retribuir. Eu ri e chorei com as cenas q revivi. Assim como vivi com mtos risos e alguns choros tendo ela como testemunha .

Não disse mto mas desejei que ela sentisse o que sentia. Ela sabe e eu sei TUDO O QUE VIVEMOS E O QUE CABE NESSE TUDO. Ela sabe quantas vezes me salvou de mim e das dificuldades da vida! Que sorte a minha. Espero que ela ache q foi uma sorte nossa, se considerando feliz por ter vivido ao meu lado. 

Que a gente saiba fechar nossa história com a mesma generosidade com que começamos. 

Obrigada, Paçoca! Nossa história foi muito mais bonita do que poderia prever. Não me arrependi um segundo sequer se ter vc na minha vida! 


Nenhum comentário:

Postar um comentário