sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Quem olha demais o precipício, não pula!

 Avaliei uma pessoa hoje que me deixou preocupada desde que soube do caso. Tumor em tronco encefálico com cirurgia agendada em 5 dias sem previsão sobre sequelas. 

Fiquei me perguntando como seria atendê-lo. Como será atender alguém que está diante de uma das notícias mais difíceis que alguém pode receber na vida. 

A sensação que tive era de que encontraria alguém angustiadíssimo. Mas não. Estava diante de um homem jovem, internado, monitorado, contando sobre o diagnóstico relativamente calmo. 

Pensei nas defesas armadas e organizadas e pensei n tenho direito de desarticular nada por aqui. Pus-me então a ouvir sobre a vida q ele viveu até aqui. Infância tranquila, adolescência procurando entender sua sexualidade, intercâmbio, um amor durante a viagem, um retorno ao Brasil, trabalho que permite viajar, conhecer o mundo, comprar seu apartamento pra morar próximo a irmã e ao primo. Apaixonado pelos pais. O que quero da vida? Viver tranquilo. Sem muitos movimentos, fazendo o que desejo. 

Pensei tanta coisa… pensei que em meio as defesas estava com ele diante de um precipício, no qual ele irá pula de bungee jump e não sabe como retorna do salto. Mas se olhar muito pro precipício, não pula! 

Pensei também que por defesa, ou não, ele me dizia: Vivi bem até aqui. 

Percebi que estar perto da morte é mais silencioso que som. Meu atendimento permitiu uma revisão. Termino desejando ter excelentes notícias sobre a cirurgia e que embora seja um órgão delicado para operar, era também um órgão de profunda recuperação. E ele sorriu com esperança. Eu desliguei pedindo que essa esperança se faça real. 

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