quinta-feira, 3 de julho de 2025

Me vi na paciente

Tuuuuummm … tuuuuuum… 

Conexão estabelecida, abre a imagem e lá está ela. Mariana. Não. Pera! Mais alguns segundos de observação e não é exatamente ela, ou a mesma. 

Peço desculpas por não ter respondi a mensagem e digo, achei que vc tinha ganhado neném! E ela disse: eu ganhei! 

Tomo um susto! Era isso! Depois que fui mãe passei a entender as outras mães e fêmeas. Há na gente, recém parida, uma crueza. Um jeito meio bicho ferido. Olhar diferente, postura diferente, cheiro diferente, energia diferente que NADA se parece com cenas românticas.

Vendo ela assustada, me vi! Me encontrei nas palavras dela. Palavras de incerteza, de insegurança diante de como conduzir as coisas, de como cuidar da bebê, de porque me enfiei nessa. Naquela sensação de desconhecimento de si, de neblina, de cabeça sem funcionar, de… vontade de chorar, com novo, como o lindo, com a delicadeza, com a fragilidade de um bebê!

Me vi. Me vi e apenas ouvi e me posicionei no futuro pensando: isso vai passar e virão outros frios na barriga, outros medos, outros desconhecidos!

Me vi e permaneci a frente dela no tempo com olhar de esperança, como uma mensageira de que o turbilhão passa. De que logo ali a esperar pela frente estará outra Mariana, com duas filhas, diferente, nunca igual, mas ela se encontrará! Com mais força e mais sabedoria.

Tendo que elaborar o passado pra estar na frente com a filha, assim como eu.

Mas que foi muito maluco sentir nela o cheiro de mulher que acabou de ter um bebê nascido de si, ah! Foi.

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