Andei lendo pela internet que o pior do treino pós festas de fim de ano é que ele é de arrebentar. Acrescento aqui o processo terapêutico ao exercício que arrebenta no retorno das festas.
Ir à casa dos meus pais é dolorido. Estar lá é me certificar do que sei à distância: lá tudo é diferente e específico. O tempo, o ritmo, as opções, as relações, as possibilidades de escolha, o modo de estar no mundo ou narrá-lo! Tudo! Tudo é diferente!
Um diferente do qual do diferente. Um diferente de mim. Um diferente que não me cabe, um não lugar. Um não espaço. Eu não sou como eles. Não penso ou vivo como eles. Quis a vida, ou quis eu mesma, que meu modo de viver fosse outro.
Estar lá é estar imersa num peso, numa dor, num medo, numa crítica. E vc me pergunta: Nada é bom? Te responderia que é. Há momentos bons. Mas se fosse um quebra-cabeça eu sou aquela peça q n encaixa mas que não faz muita diferença à figura. Seja porque estou de fora da figura, seja porque o não encaixe n é visto. E é isso. O que finjo não ver, lá é não visto, inexistente. O que finjo não ouvir, não foi dito. O que não quer ver ou ouvir não merece importância. E é isso. Os dias seguem seu rumo.
Num dado momento lá e na sessão da minha terapia disse que me vi pensando: porque isso não acaba logo? Se meus eles morressem, isso acabava. E me assustei, como ouso dizer isso?! E aí ouço: Daniela isso n eh maldade eh constatação. A morte n significaria uma perda, pq vc nunca teve. Vc nunca se encaixou. Vc nunca viveu o que deseja(ou) pra sentir perda!
SILÊNCIO.
Quebram-se uns três copos da prateleira que mora dentro de mim. Não há o que perder qdo n se tem. Não há o que se perder quando não se tem. Então… sigo aqui, fazendo o que posso de melhor com o meu não ter. Neste momento, após jantar com amigos, após comemorar com meu marido e ver meu filho correndo feliz pela casa, pela casa q foi sonho e hj tá aqui pra mim… penso que fiz algo bom com o espaço vazio. Fiz meus copos e coloquei no armário. Fiz o que deu, o que pude, e não pude pouco.
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