Perdemos o Michael.

 Querido Michael,

Eis a carta que não enviei pq achei que seria intenso demais emocionalmente paraele... :( 

Michael, 

Quando somos jovens pensamos que temos todo tempo para colocar nossos planos em prática. Mas como psicóloga eu sabia que não era esse o caso. Meu plano era aprender a falar inglês corretamente para poder contar o que vou dizer hoje por escrito (e com a ajuda do Google Translate).
Sua aparência semelhante à de Freud e sua generosidade em acolher um menino brasileiro em sua vida criaram em mim a certeza de que diferentes nacionalidades e distâncias geográficas não separam aquelas pessoas que precisam se encontrar. Carlos teve poucas oportunidades na vida e a maior e mais linda oportunidade foi concedida por você.
Você deu a ele noções técnicas, noções profissionais, mas deu a ele algo muito importante: carinho e isso mudou muito a vida dele.
Agradeço o carinho que você demonstrou por ele e que se estendeu a mim e ao Theo.
Achei que teria tempo de ensinar o Theo a dizer avô, para que vocês pudessem ouvir, mas quero prometer que ele saberá que tem um avô canadense!
E como a distância geográfica e física não nos separou de forma alguma, estaremos sempre conectados com você.
Imagino que esses meses tenham sido difíceis. Imagino que você esteja cansado do tratamento. E eu queria dizer que me sinto triste com isso. Mas sou grata pela sua vida, pelo seu encontro com o Carlos, pelo cachorro que você deu ao Theo e que ele AMA.
Você escreveu uma história incrível até agora. E tornou nossas vidas histórias muito mais lindas!
Sempre que quiser conversar, reclamar... estaremos aqui. Com amor, Daniela.

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Muitas competências

 Engraçado ordene que não escrevo há um mês. O Theo da viagem já é outro bebe e foi muitos bebês antes de ser esse. 

Hoje ele anda, corre, grita, canta, comemora, dança, bate palmas, faz graça.  

Já fala papai, mamãe, pan (pão), mas (mais), atiiii (aquiii), baeia (baleia), chuaaaa (onomatopéia de tchibum chuaa). Papai boé (papai noel), bô (de acabou), dê (cadê), uhuuu, eeeee, uuua (lua), uuua (luz), pé, pipi, pá (passarinho)

Mostra partes do corpo.  Imita leão, macaco, gato, girafa, pintinho...

Gosta da música do Michel Teló "fuzuê"... muito aprendizado. Brinca de procurar pessoas no esconde esconde, segue Marina, Bella e Anne nas brincadeiras.  

É um bebê animado e bagunceiro q amo!!

Digno de nota

 Theo tá com uma virose chata 3 dias, muito cocô vazando, transbordando, choro, assadura, 8 trocas de fralda na mesma madrugada. 5 trocas em uma noite entre banho e janta. Muitos banhos. 

Banhos longos, de assento, com camomila, com maizena e uns banhos na velocidade da luz pra lavar só o bumbum e colocar fralda nova. 

Nesses vinhos The Flash, tiro o Theo do banho. Ele olha pra mim. Faz o gesto e pergunta: Bô?

Isso faz os 2.576 banhos nesses 3.dias valerem MUITO A PENA!

Theo na praia

 A primeira viagem longa do Theo foi de avião pra Bahia. Trazer meu filho à terra de todos os Santos é um privilégio. Viemos com amigos, pra um evento. Na turma duas vovós, dois vovôs e dois pais, além de nós.

Isso ajudou!!!

Theo saiu de Marília dormindo. E assim foi até próximo ao Maristela. Tomou um café reforçado, dormiu até SP e chorou um pouco na viagem nos momentos de maior cansaço. Mas veio pro colo e tudo certo!

Ficou animadíssimo no aeroporto, se Chacoalhando no carrinho, balançando perninhas...

No voo chorou por ansiedade pela mamadeira que seria só pra decolagem, mas deu tudo certo. Curtiu a janelinha. Brincou com post it na mesinha. Gostou da pipoca dada no avião...

Chegando na Bahia dormiu e fomos no ensaio do Toca Tambor da Liliane. Me emocionei. Theo adorou.  Ficou do lado de fora do estúdio, mas acompanhou pelo vidro, atento e batucando. 

E eu entendi completamente pq Lili ficou.

Depois fomos à casa de Tereza e lá vivi outro momento bonito. 1h de espera. Costas queimando do dia todo com Theo no colo... e eis que quando minha paciência tava acabando.  Tereza percebe Theo, vem até mim. Questiona se ele tem fome e o que ele come e minutos depois me traz um prato com arroz, feijão e peixe....

Aqueceu meu coração. Depois ainda perguntou se ele gostou. A essa altura ele já tinha devorado o prato e já petisca a o menu que pedimos. Ele passeou por lá e até pegou um fruta da oferenda q ela deixa na entrada do salão.

Ah! Ela tbm me ajudou no fraldário! ❤️ 

Inacreditável. Coisa de Cosme e Damião! :) 

No dia seguinte, fomos pro hotel do evento e piscina!!! Ele adorou!!!! 

A noite jantou e andou por todo hotel, as vezes comigo, as vezes com o pai, com a D. AN, seu João, Lúcia, Guto... 

Adotou o caranguejo já entrada do restaurante, ia até ele e dançava e cantava "caranguejo não é peixe".

Dormiu muito a noite e no dia seguinte.... 

Theo passou o dia brincando na sombra com água de coco, normal, suco, frutas e às 16h entramos na água depois da Soneca dele.

Ele cantou, brincou. Aprendeu a "pular" da beira da piscina com o pai segurando... e a noite dormiu mto, mas acordou no meio do jantou e brincou na cadeirinha enquanto assistíamos o show.... 

Theo é um super parceiro de viagem!

A primeira vergonha a gente n esquece

 Theo brincava na sala da minha tia. Já tava com sono. A família toda conversando assuntos pesados. O clima era festivo e triste ao mesmo tempo. Ele havia pego o brinquedo da priminha Marina (um carrinho de supermercado) e ousava em manobras e velocidade no meio da sala. Machucou pessoas. O clima foi ficando tenso. Até q disse pra ele na fazer algo: se jogou no chão, chorou gritando... fiquei putassa e tá aham já sei, isso é só o começo.

Dia 5 você começa no CDHU

Quando recebi a indicação de trabalhar em uma unidade chorei. Chorei de soluçar. Senti medo. Senti meu despreparo. Pra ir, permanecer. Pra lidar com tamanha tristeza e falta de tudo o que encontraria.

Aos poucos a indicação foi se clareando: o motivo, o lugar, o porquê, o que era...

Aos poucos fui pensando q precisava ir e viver cada coisa ao seu tempo. 

Saio 30min de casa, ouvindo Gil. Chego nas proximidades da unidade no tempo exato de tocar Andar com fé. Repetia em meia voz o refrão como mantra. 

Me lembrando da frase de uma amiga querida: Lá tem muitas Alines, assim como eu, e elas precisam de vc, assim como vc é! Por que tanto medo?

Repetia o refrão e me questionava: Pq tanto medo? Entrei na unidade com o enfermeiro. Naquela sensação de quem treme por dentro da pele. Naquela ansiedade que exige que eu pé se: Preste atenção no que é dito, desligue-se das suas sensações. Confesso que as primeiras conversas que ouvi, via mais imagens e ouvia uma voz ao fuuundo. Pq meus pensamentos e a minha inquietação estava em primeiro plano o e falando mais alto. 

Me programei pra viver isso. Pensei em como ir me alcamando. Kemilly chegou. Um rosto conhecido. Agora seria ela, aluna q já girei, quem me guiará no caos em mim e no desafio q se apresentava: eu estava me tornando a psicóloga de uma das unidades mais carentes da cidade. 

Franjas compridas, olhos redondos e grandes, nariz batatinha, pé gordinho que estala quando anda descalço, assim como auando bate palmas. Agora grita, chora e faz manha quando frustrado. E cresce. Muito e rapido demais!

Ele canta, dança, faz graça. Pisca pra fazer charme, faz uma expressão de boca como se estivesse com uma bola de gude dentro dela quando está animado.

Imita leão. Imita passarinho. Reconhece leão, macaco, sapo, lemure, cavalo, zebra, flamingo, vaca, ovelha, elefante e borboleta.

Aponta seus livrinhos e já dança pq sabe que cantarei Borboletinha, cantarei o sapo n lava o pé, cantarei pintinho amarelinho, assim que o dedinho gordo apontá-los.

Fica de pé no banho. Refere-se a bola como bau quase sem pronúncia do U, água é Aaah! E papai é sonoro e claro, mamãe é mememememēi num lamento sempre que qualquer coisa aperte.

Sai de casa e chama a Marina com sonoro Babaaaaa! 

Fica bravo (e chora intensamente) qdo os planos que ele bolou não se cumprem na realidade: como rasgar lenço umedecido, encaixar um brinquedo que não encaixa em outro, transportar um objeto em seu caminhãozinho, que obviamente n poderia ser transportado por dimensão, estabilidade, infraestrutura... 

Continua comendo bem. Bebe muito líquido.  Adora beterraba. Ama uva! Gosta de fechar as portas de vidro do quintal. Gosta de banho. Canta enquanto está sendo trocado.

Gosta de cantar "meu lanchinho" com a minha mãe. E Gosta quando meu pai o chama de "Ô meniino!"

Anda por tudo. Mexe na máquina de lavar roupa, louça, armários, bebedouro da Paçoca, banheiro dela, portas de casa, tomadas, ventiladores, alexa, celulares e controle remoto. E é isso, entrei aqui pra falar de mim e estou descrevendo ele na esperança de segurar o tempo. Ou porque ele importa muito e atenua os impactos da vida e me deixa preocupada com a vida, a sociedade , o mundo, as condições climáticas, a capacidade do planeta produzir água e alimento até ele encerrar a vida dele na terra... Coisas q nunca me preocupei, mas q hoje me tiram mais o sono q os MEUS problemas que contaria hoje. 

Eu tô no Teocentrismo mesmo. Boa noite.

Pra lembrar pra.sempre e não esquecer jamais!

 Hoje, 16 de agosto, às 18:30 Theo permaneceu de pé por cerca de 12 segundos, sem apoio, somente equilíbrio. Nesses eternos 12 segundos fiquei entre contemplação e frio na barriga temendo os efeitos de um desequilíbrio que não houve.

12 segundos do mundo normal é uma medida.

Pra mim durou uma vida, com toda minha torcida pra que aquele equilíbrio (pessoal) começasse hj e acabassem nunca mais!

Como anda minha saúde (doença) mental

Cheguei em casa, estacionei o carro. Desce Theo dormindo com duas mochilas nos braços, um sacola com tuppeware e 13 horas de atendimento realizados. 

Fechei a porta do carro, saí, apertei o alarme no chaveiro e ele fez sinal de que n podiatrancar o automóvel. Pensei: Problema dele! - Note bem, problema dele: do carro! Hein?! - Hoje de manhã 12h depois dessa cena, vou colocar o Theo no carroe pra ir à escola e eis que encontro a porta do carro aberta, escancarada! Passou a noite toda assim! Kkkk Pq o carro não resolveu o problema dele, no caso, ele tinha de se resguardar sozinho kkkkk

É sobre isso, só não sei se tá tudo bem! 

Por hoje: três percepções

1. Deu tudo certo na volta à escola.

2. Não há um só cômodo de casa que não tenha um blog de montar fazendo parte da decoração ou escondido.

3. Verdade que não se usa mais body em bebês com 1 ano e 2 meses? 

Duas partes de mim

Amanhã, Theo começa novo semestre na escola. É dia de retornar à rotina. Me divido em duas. Parte de mim gosta da escola, seus horários, os aprendizados que se desencadeiam. Sou grata à escola que é minha rede de apoio. Theo lá, me sinto segura. Posso trabalhar (e muito no período). Parte de mim sente angústia. Voltar à escola é volta pros antialérgicos, corticoides, inalações, antitérmicos, telefone tocando e eu indo buscá-lo. Essa eu, tbm sente ansiedade. Chegar no horário pra mim é desafio diário, arrisco a dizer que é desafio compromisso a compromisso. A organização diária da mochila, não esquecer nada, prever frio, calor, organizar uma roupinha bonitinha e confortável, sem manchas e levemente estilosa... n esquecer babador. Não esquecer sabonete... não esquecer. 

Nunca fui assim. 

Theo me coloca em estado de atenção e isso mexe comigo, me cansa, mas n consigo sair dele mais. Já era. Ele existe desde que esse menininho saiu de mim e ganhou mundo. 

Me pego olhando pra ele no berço, hj, dormindo exausto pq brincou mto no aniversário do Lucas na Mariana, e só peço bênçãos pro Theo.

Só luz na vida dele. E se em algum momento as bênçãos se tornarem escassas, que ele sinta e aprenda com isso e fique bem.

Registre-se

Bom registrar que temos por aqui um carinha cheio de habilidades e competências.

Dá tchau. Agora consciente. Percebeu que alguém tá saindo? Tchau. Carro deu ré no estacionamento do mercado e o nosso ainda tá parado? Tchau. Vovó fala tchau no telefone? Tchau. Ele vai explorar a cozinha e sair da sala? Tchau.

Também faz sinal de "vem" com a mãozinha. Num convite fofo pra seguir ele. 

Manda beijos, posicionando a mão na boquinha aberta. Isso é beijo e ponto.

Bate palmas. 

Dança! As vezes até chacoalhar a cabeça entra na coreografia.

Faz tosse e espirra intencionalmente. Ressalto que o espirro é um pouco escandaloso, são alguns segundos de aaaaa mas o Tim fica preso e sai baixinho kkkkk A tosse tem som sério. 

Há 2 semanas fala mamã (com a pronúncia mais fofa do universo), fala papai, papá.

Vou aqui fazer o dicionário do Pá do Theo rsrs

Ele utiliza a sílaba pá para identificar coisas diversas:

Papá: Comida. Que ele ama, continua sendo bom de garfo - só n curte mto ovo - o cidadão gosta de brócolis e n come ovo kkkkk

Fazer a comida no micro-ondas traz grande ansiedade pra ele, q aponta a comida e fala papá, várias vezes nos 3 min de preparo da comida, congelada, em cubinhos, previamente, pela mamãe!  🫶 

Susto: "Dá um susto nele, Theo! E ele responde sorrindo: Pá!" 

Paçoca: Chacoalhando a mãozinha, como se desse uma bronca. Pq ele adora o jeito como eu finjo dar bronca na Paçoca, fazendo dedo em riste e dizendo: 'Paçooocaaa, não faça isso!' Ele curte a encenação!

Pássaros: Theo aaaama, pássaros. Vê muitos no fio do poste na casa da vovó Silvia. Ela sempre leva ele pra vê-los e ele adora. Identifica canto de pássaros e procura ou olha pros fios na expectativa de vê-los. Assim como aponta o dedinho pro seu e diz: Pá!

Pápápá: Qualquer música, cantarolada pro Theo se inicia com Pá rsrs Em diferentes ritmos.

Theo também pega diferente objetos e põe na orelha e a gente diz: alô! Pq é uma simulação de telefone rsrs

Theo já anda por todos os lugares, apoiado, se percebe desequilibro senta e engatinha. 

Como ouvi ontem.: é aventureiro. Passa por degraus, rampas, passa embaixo de mesa, tenta subir em coisas. Se pendura na mesa de casa, ficando de pé, esticando as mãozinhas que agarra na beirada do tampo e recolhe as pernas tirando pés do chão.

Joga bola. Joga brinquedos. Faz barulho de carro pra carrinhos. Gosta de carrinhos. Gosta de si.iiimula,r que faz comidas. Dá papá pra todo mundo, até pra vovó na videochamada.

Adora cachorros, gatos... 

Tenta imitar gestos. "Meeeu pintinho amarelinho, cabe aqui na minha mão" apontando a mãozinha é o mais frequente. Mas ele tenta imitar outros gestos de música.

Nesta música na parte do: ele bate as asas, ele faz piu-piu, a boca faz o piu-piu mas é mute o que fica muito bonitinho de ver.

Também gosta de "Palma, palma, palma, pé, pé, pé..." Em q ele bate palmas, no horário certo, fala pé, pé, pé, desde ontem. 

Nas refeições, segura a própria mamadeira de leite e água, já leva a colher à boca com ajuda

 Já tenta pegar comida com a colher. Já cólica pedaços de comida na boca! 😋 

Já tira a meia do pé e se tiver de sandália com velcro, também. Já abre pomadas e o recipientes com tampa com rosca!

Ele também dá piscadas. Dá abraços... e dá risadas pra brincar. 

E eu tô aqui, de novo, escrevendo, pra tentar o impossível,  segurar o tempo nesses momentos ou quando o Theo me olha como se eu fosse a coisa mais importante do mundo. 

 

Carta (em construção) ao Theo

 Não sei bem se um dia vc lerá esse texto.

Espero que o futuro seja um lugar onde haja espaço para textos como esse e que o Blogger n se desfaça no tempo e nas virtualidades.

Mas queria deixar registrado q hoje agradeci a Deus pela nossa família, pela nossa casa, pelo nosso carro e especialmente pq vc foi feito pra gente.

Nem nos meus melhores sonhos ou planos eu teria criado um carinha com tantos detalhes fofos como vc. Olhinhos, boquinhas, as mãos, a carinha qdo está dormindo, as risadas, as graças, o seu jeito de brincar cantarolando, o qto vc gosta de comer ou de pássaros. 

O seu jeito de "falar" gesticulando,  a cara que faz quando o dente incomoda.

Descobri em um problema de assaduras na escola que te ver sentir dor ou sofrer, me soterra, me lentifica e ao mesmo tempo gera em mim um ímpeto incomum. 

Tenho aprendido muito dia a dia com vc. E quero aprender mais e sempre, de preferência a vida toda. 

Foi hoje

 Sempre vi as pessoas dizendo que depois que tiveram filhos não se lembravam mais de como era a vida antes deles.

Eu sempre soube.

Eu sempre me lembrei.

Eu nunca me esqueci.

Sei minha rotina de cor. Lembro de como pensava e fazia. Lembro de tudo. Por vezes sinto saudade, especialmente daquela eu, que sentava e ouvia amigos com calma, sem cansaço, sem bebê escapando pelos braços, sem olhos divididos entre conversa e a direção pra onde bebê engatinha, sem fazer contas mentais de "se estivesse dormindo agora ou indo dormir qdo o pessoal provavelmente irá embora, quantas horas de sono terei? 

Mas hoje, aproveitando a casa nova - sim, já estou por aqui, pensei que mesmo cansada, n tem mais graça uma casa sem o carinha fofo que passeia por aqui, desarruma a rotina, deixa a gente por conta dele até as 21h....

Não tem graça. E aí pensei, o que eu fazia com o vazio que vivia antes de sentir todo esse amor?

Hoje, eu entendi. Não é não se lembrar dos detalhes é não achar mta graça na vida sem um motivo de 75cm pra sorrir. 

Espera só um pouquinho, preciso me despedir

Desde setembro uma casa que compramos, mas ainda é da caixa, parcelas né, mores? Está em reforma. Tanto rolo, tantas decisões, tanta briga, tanto rolo que em alguns momentos cheguei a me perguntar se ia gostar casa algum dia, porque tinha sensações que não.

Casa pronta, Carlos já acelerou na proposta de mudarmos e minah vontade é dizer, esperaaaa! Eu não me despedi! 

Não me despedi do apartamento onde chorei no chão do banheiro o fim de um relacionamento, no melhor estilo Comer, rezar e amar.

Do apartamento onde ganhei minha independência e reformei.

Do apartamento que a vivo me deu móveis pós processo por demorar uma vida pra transferir minha Internet de endereço.

Não me despedi do lugar onde comecei a dar aulas, a ter clínica, a namorar, a sonhar e ser mãe.

Não me despedi da minha sacada e da vista que me fez querer comprar esse apto. Não me despedi. Não dei tchau pra cada cômodo onde vi o Theo engatinhar. 

Onde fiz kms de caminhada e andei de patins.

Não disse tchau e isso me dói.

Não que seja apegada, mas qualquer saída é deixar pra trás muita coisa. muita.

Deixo aqui meu tchau e meu obrigada, mas ainda quero gravar o pôr do sol daqui. Ele será sem dúvidas a minha maior saudade. A maior.

Talvez sinta saudades das muitas eu que fui aqui.

Das jantas com amigos.

Das visitas.

Do silêncio.

Do barulho do piso laminado que avisa da Paçoca se aproximando.

Preciso me despedir de que fui, sou.

Pra ir embora sem tanta saudade.

Dia de agradecer

 Chego na escola, esbaforida, Theo no braço, mochila nhaaaaa azul de cachorro no braço e ouço: Vc já está sabendo das nossas atividades da semana mundial do brincar?

Não estava pq Theo, seguindo as normas pegou a virose que outras três crianças também pegaram e passou a sexta em casa, com meus pais.

Devidamente explicado o porquê não sabia das atividades, fui informada que:

"TERÇA-FEIRA - um dos dias mais cheios de atendimentos- haveria uma atividade pra família ao ar livre." Já saí fazendo contas mentais, quem cancelo, como cancelo e qdo. E comecei a preparar meu espírito pra ansiedade que viria pq sempre fico ansiosa.

Essa semana começava tensa, pq eu ia fazer check up do rim e odeio. O fato é que estava tudo bem comigo segundo o médico mesmo pós pré-eclâmpsia e um ano de negligência com meu rim comendo mais proteina do que devia (não, não me orgulho, ngm se orgulha de autodestruição! rs) 

Depois da consulta trabalho e mais trabalho até que cheguei a escola do Theo. Sentei na terra, ouvindo música, no sol, com ele e Carlos juntos e vários objetos naturais, folhas, frutas, galhos.... e ali se tornou o melhor lugar do mundo.

O melhor lugar do mundo foi no chão de terra das 15h às 16h de uma terça. O lugar q reunia o que me interessava. Foi lindo  não querer estar em qq outro lugar se não ali e presente. 

Saí de lá emocionada pq Theo é infinitamente mais trabalho e amor do que poderia imaginar. E sou grata à Deus que cuidou de mim, do Theo e do meu rim!

Seguindo as normas

 Theo é um bebê que segue a risca a convenção internacional dos bebês, celebrada em Genebra que diz no seu artigo segundo caput 1: Pegará todas as viroses, gripes, resfriados, infecções e acometimento próprios da fase de escolite.

Primeiro um resfriado cujo contrato foi assinado e está vigente desde fevereiro (quando entrou na escola) até hoje MAIO DE 2023.

Depois veio gripe mesmo. Depois diarreia (bem no Carnaval) Depois covid. Depois gripe de novo. Agora gripe + dente nascendo + diarreia + pé mão boca.

São litros de hixizine, kaloba, dipirona, paracetamol e já rolou antibiótico, corticoide nesse período. Não me orgulho, não acho legal, acho apenas necessário. Acrescentamos aqui ampolinhas de enterogermina, que agora temos em casa como antes tínhamos eno.

A sorte é que ele sempre me mostra que as doenças se desenvolvem de modo mais brando pra ele e pro meu coração. 

Em meio à isso ele já fica de pé apoiado e senta na maior habilidade. Engatinha na velocidade da luz quando quer. Tem mão de ventosa ou imã pra tudo que não seria lícito ele pegar: ração da Paçoca, maçaneta de porta, chave de carro, controle do Playstation, controle da TV, fio de TV, computador, carregador, ventilador. Já faz manha (não me orgulho disso, fique registrado) já fala Papapá, Aaaatá, Bababá, Tetetê, Mememê  Mãmãmã e faz algumas graças tipo dar uma piscada, bater palmas, fazer gesto de que o pontinho amarelinho cabe na mão dele, dar tchau e susto, mas só faz isso aleatoriamente e nunca, jamais e em hipótese alguma quando solicitado. A vida é dele e ele acha que aos 11 meses (completos hoje) é ele quem manda. 

Mas provo o contrário pra ele quando pego no colo, amasso e  beijo as bochechas gordas e agora mais vermelhas do que nunca - pelo pé mão boca.

Congele o tempo

 No momento daquela boquinha sem dentes contra minha bochecha e dizendo "b'ah!" como quem imita o onomatopéia de beijo.

No momento que essa boquinha molhada é gealda toca minha bochecha e aperta as mãozinha no meio ombro como se ele quisesse me esmagar!

No minuto em que ele se distancia centímetros de mim e sério examina se sou eu mesmo que seguro ele no colo quando está no meu colo em casa ou eu o pego usando óculos.

No instante em que naquela tarde de sol fui buscá-lo à pé na escola e vim pela pracinha da igreja e ele estava dormindo no meu ombro e se separou de mim, como quem se questiona: No colo de quem estou? - E então percebe que sou eu, fecha os olhos e deita de novo. Como quem pensa: É a mamãe.

No tempo em que ele se agarra em mim pq não que ir ao chão, pq quer sair dele, pq quer ficar mais comigo, pq n quer ir dormir com o pai, pq cheguei pra buscá-lo na avó, pq ele não quer ir no colo de estranhos, pq ele está animado e quer brincar no colo, pq está com febre e sente que eu posso aliviar.

No período em que eu encontro macacões tamanho G ou 12 a 18meses, que são fofos, pq já já é só conjuntos short e blusa.

No minuto em que ele come arroz, feijão, carne, frango, peixe, brócolis, couve-flor, couve manteiga, batata doce, inglesa, macarrão, abobrinha, chuchu, beterraba, tomate, cebola, banana, maçã, pera, abacate, mamão... sem se negar, reclamar ou recusar.

No tempo de bebê engatinhando por toda a casa, inspecionando chinelos, rodinhas do carrinho, entrando e cabendo sentado embaixo das cadeiras da sala, pegando o que não lhe é lícito ou permitido e amando isso mais que os brinquedos. 

No segundo em que vejo ele na pontinha dos pés pra tentar alcançar o chaveiro do carro na chave da porta ou que o fogão é um brinquedo interessante. 

Ou quando as mãos gordinhas batucam na rack, nas mesas, no rosto de quem está com ele...

No segundo em que as mãos gordinhas batem palmas ou fazem o gesto do "meu pontinho amareliiiinho, cabe aqui na minha mão" a qualquer hora do dia ou da noite, até mesmo de olhos fechados quando está pegando ou lutando contra o sono. 

Quando eu "dar broncas" na Paçoca é uma diversão que o faz gargalhar!

No momento em que dizer "pá" na escada do prédio ou brincando com alguém é muito divertido! Pq assustar alguém ou tomar um susto é uma emoção! 

Ele está crescendo e está rápido demais.

Pequenas catástrofes que não passam de dúvidas

 Já tem um tempo que minha vida parece estar ligada no modo turbo ou se ela fosse um game, no modo hard.

Adaptação à maternidade,

Reforma de casa (que era simples, só que não) 

Adaptação ao trabalho sendo mãe

Resoluções familiares

Adaptação ao casamento sendo mãe

Adaptação do Theo à escola

Tudo ao mesmo tempo. Um combo de ambivalências, que se alternam. Cansaço e alegria na mesma medida.

Hoje uma amiga chegou perguntando sobre a escola do Theo e anunciou em seco, sem álcool, anestesia ou gentileza q a escola do Theo será outra ano que vem, pq a que ele está tem limite de idade e ele está no limite.

Dentro de mim, desorganização e barulho. Desequilíbrio. Há um tempo a ansiedade tem sido parte da minha vida. Uma simples alteração é um grande desafio. Fico me questionando dolorida, pq ela disse aquilo no meio da tarde de domingo. Ela provavelmente n sabe o efeito do que disse. Mas anúncio de novas mudanças em meio à tantos desafios q tenho vivido são pequenas catástrofes do cotidiano. 

Justo nesse domingo? Com a semana dura com a paralisão anunciada pelas professoras? O feriado na sexta q me exige adiantar a agenda?

No mesmo minuto penso: Que escola? Quem cuidará dele? Como reorganizar agenda na clínica, Theo na casa da avó? E se minha mãe morasse aqui? Manhã ou tarde? Qual a distancia da escola? Como me readaptar? E ele? Vai gostar da escola? Sentir saudades das antigas prôs? Agora q construí meu espaço na escola? Justo qdo fazia planos pro ano que vem ele na mesma escola? Integral ou parcial? 

Nunca fui assim, mas hj n tenho tempo pra parar e recuperar dos sustos. A próxima fralda tem q ser trocada, a próxima fruta ralada, a próxima refeição aquecida... "Theo! Não põe a mão aí!" "CÁ! DÁ PRA ME AJUDAR AQUIII!" e o banho é a única possibilidade de silenciar e ficar comigo.

Eu sei que vai passar, mas minha alma inflamou o q os pontos da cesária n inflamaram. Está difícil. Di-fí-cil...

Pra no futuro saber que incertezas existem mas elas passam

Só eu sei há quantos dias tem bailado na minha cabeça as preocupações com o que iniciaremos amanhã.

Temi esse dia, num dia comum, no meio dos dois meses do Theo. Temi esse dia nas últimas semanas.

Também pedi por ele. Ambivalência: sentimentos contraditórios pelo mesmo objeto.

Só eu sei o quão ansiosa estava quando Carlos dava suas voltas na expectativa de buscar A MELHOR, MAIS PRÓXIMA E MAIS PERFEITA VAGA,  mesmo atrasados pra reunião da escola.

Chegamos, fomos.bem recebidos e eu olhava aquele lugar num misto de esperança que seja um bom lugar e meus pensamentos indo na direção de previsões sobre problemas naquele mesmo lugar.

Não gostei da ausência de plurais na fala da diretora. Mas gostei da cara da coordenadora. Na verdade, fiquei o tempo todo pensando que as dificuldades vinham da minha insegurança em deixar o Theo ao 8 meses ali.

Sem falar. Sem saber pedir o que quer. Sem mim.

Por outro lado há uma certeza em mim que diz que Theo é safo e se dará bem. É um menino que nasceu buscando ar e vida. Que prosseguiu sobre cuidados que não os meus. Que foi um bebê institucionalizado e deu tudo certo. Há que se confiar na vida, nas pessoas, no trabalho, na escola, no Theo.

Há que se confiar na dose de vida e devoção que tive nesses 8 meses. Na tranquilidade com que deixei Theo ir de colo em colo nos lugares pra acostumar com diferentes pessoas, ambientes e energias. 

Hei de confiar e no futuro saber que deu tudo certo.

Tenho destinado minha ansiedade a fazer comidinha congelada, minha marmita, ou, a grave preocupação de etiquetar tudo. Isso será bom fim de semana. 

Nossa senhora da etiqueta colante me ajude.

Theo, embora parte do meu coração seja medo, tô aqui revendo todos meus pensamentos negativos, conversando com minhas angústias, digerindo minhas incertezas pq outra parte de mim é fé de que vc começa amanhã um caminho bonito e saudável na escola. Sem minha presença física mas com a certeza no seu coraçãozinho de que a mamãe sempre estará com vc, do lado de dentro e do lado de fora da escola pra te buscar.

Que seu corpinho, de algum modo intua, que o principal motivo pra estar naquela escola é pq soube q cuidam bem, mas porque vc estará a dois quarteirões ou  mil passos do trabalho da mamãe. Passos que não contei mas que defini nesse número pq é perto e porque julgo q consigo fazer esse número em 1 minuto e 32 segundos, caso precise que chegue voando até vc.

No fim acho que será bom. Que vou me reencontrar no trabalho, em mim mesma, debaixo de toda a confusão que meu coração ficou, perdido entre cuidados e acolhimento desde que vc chegou.

Vc merece uma mãe feliz e realizada pra além de vc, pra q n te sufoque. Vc merece ser feliz construindo sem saber sua vidinha.

Estarei do seu lado e no seu  coração.

Vc está comigo o tempo todo.

Te amo e amanhã é nóis na escola, vou te apresentar esse novo mundo.

Só espero que a adaptação passe logo, pq não vou aguentar comer tanta tranqueira pra me confortar.

Fim. Eu acho. É... 

E

Congele o tempo

 Congele o tempo. 

No exato instante em que escuto a gargalhada dele quando digo que ele está fedidinho! No momento em que ele n contem a gargalhada porque do meu colo,  buscou o pai,  com o olhar, cabeça pendendo para a esquerda, na escada do prédio e o encontrou gritando seu nome Thetheeeo!

No momento em que vi ele puxando os potes  de ração e água da Paçoca após rastejar rapidamente pelo chão da sala (cena que achei que ia demorar a acontecer, mas não!). Ou ainda tentando por o dedo na tomada, agarrado a soleira preta da porta como se ela fosse um objeto de grande valor conquistado.

Congelem o tempo no momento em que ele se cansa e pende pro meu lado choroso como se eu fosse capaz de tirar o incômodo dele. No sorriso com a boquinha fechada, suja de beterraba que ele ainda gosta e n torce o nariz porque n sabe q pode selecionar o que come. 

Parem o tempo no momento em que ele prende o ar ao sair do apartamento porque está no Hall, porque ele vê o enfeite de Natal da porta: uma rena, um boneco de neve e um papai Noel que n tirei da porta porque ele adora!

Ou no momento em que ele quase me sufoca com a mão apoiando o antebraço no meu pescoço/ garganta porque acha que com 7 meses chegaria antes de mim na porta pra agarrar a maçaneta ou pegar a chave.  

Pede pro tempo passar devagar quando o correio dele abranda no meu colo e ele encosta a bochecha no meu ombro querendo dormir. No quanto perco o ar e agradeço como ele é lindo,  engraçado, inteligente, bravo e fica lindo com roupa clara, ou escura, cabelo molhado penteado, bochecha vermelha e cílios em bloquinhos porque acabou de tomar banho.

Congele o minuto em que ele sorri pra própria imagem quando pergunto: Onde está o bebê cheiroso? Quando ele sai do banho enrolado na toalha com rostinho úmido e perninhas balançando,  feliz. 

Parem os relógios no momento em que sinto o pezinho úmido recém saído de um pequeno all star e sinto também o chulézinho do menino que é meu, mas sorri pra todo mundo.

Ou ainda, no minuto em que ele descobre as luzes de um lugar, a percepção de um novo som, quando conversa sozinho ou presta muito atenção em algo q foi parar em suas mãos. 

Parem o mundo, no momento em que ele me escala, me puxa, aperta meu braço, ombros ou rosto querendo se misturar comigo ou só alcançar o controle remoto (que é esplêndido e) está atrás de mim no sofá.

Pára tudo porque descubro todo dia q ele tinha mesmo que ser o Theo. Desse jeito, com esse nome, com essa carinha, molequinho desse jeito, porque ele é! pra além da medida de tudo que podia pedir pra Deus, deusas, vida ou Universo.